» » » » » A Importância do Brincar para a Criança em uma Perspectiva Cristã


Sara Guimarães(Redação IPDA)            
“E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão”
(Zacarias 8:5). 


“Brincando conquistamos a simplicidade do aprender, do agir e do ser!”
(Andréa Soares Delfin)
             
     Introdução

     Este artigo ressalta a importância do brincar, em uma perspectiva cristã, para o pleno desenvolvimento das crianças em todas as esferas e, também, para a elevação da autoestima  das que apresentam sintomas e/ou comportamentos que denotam sentimentos de inferioridade.
     Afinal, frustração, baixa autoestima, descontentamento, fadiga, desatenção podem ser algumas das palavras que protagonizam o léxico de seu filho ainda criança; e você, por vezes, não consegue chegar à real compreensão de que um fator necessário para a criança está sendo desconsiderado e/ou negligenciado por você.
     Portanto, fica a pergunta para a sua reflexão: “Você está cuidando de todos os detalhes que a educação de uma criança necessita?” 
     A reflexão apresentada aqui teve como fonte, uma comparação metafórica com o Milênio – última fase pertencente ao estudo bíblico das Dispensações Cristãs - e destaca a responsabilidade dos pais em resgatar o brincar, visando o estado shalom (palavra oriunda da língua hebraica, que significa “paz”) de todas as crianças.

O Milênio e o Brincar: estado shalom das crianças
 
     LaHaye (2004) define com propriedade o estudo bíblico das dispensações:

     O dispensacionalismo vê o mundo e a história como uma casa dirigida por Deus. Neste mundo-lar, com a passagem do tempo, Deus está conduzindo ou administrando os negócios de acordo com Sua vontade e em várias fases de revelação. Essas várias fases, conhecidas como dispensações, podem ser vistas como economias visivelmente diferentes na realização do plano de Deus para as eras. (p. 78)
     Por este estudo bíblico, a primeira fase foi a da “Inocência” (Gênesis 1.28-3.6), clima edênico, onde tudo era perfeito. A segunda, “Consciência” (Gênesis 3.7-8,14), se relaciona ao tempo entre a Queda e o dilúvio. Em terceiro, temos o “Governo Humano” (Gênesis 8.15-11.9), quando depois do dilúvio, Deus disse que não julgaria diretamente o homem até a segunda vinda, estabelecendo uma agência humana conhecida como governo civil. Após, em quarto lugar, temos a “Promessa” (Gênesis 11.10 – Êxodo 18.27), período determinado pelo chamado de Abraão e pela promessa feita a ele e aos seus descendentes, físicos e espirituais. A quinta é a “Lei/Israel” (Êxodo 19 – João 14.30), período em que a lei – temporária até se cumprir em Cristo - estipulava aos israelitas como eles, como povo redimido, deviam viver. A seguir, temos a sexta, “Graça/Igreja” que, segundo a interpretação do tempo kairós pelo tempo hkronos, refere-se ao tempo atual, onde a graça substitui a lei. E, por último, temos a sétima dispensação, pertencente ao porvir: “Reino”; nesta, haverá um reino milenar do Messias em Jerusalém, as promessas que Deus fez a Israel como nação serão cumpridas e, pelo fato de Israel estar em sua glória, os outros povos também colherão grandes bênçãos.
     Diante dessa breve explanação, queremos destacar: 1) A Inocência, primeira dispensação, foi rompida por causa da Queda do homem. Devido a isso, a humanidade começou a passar por fases de profunda aflição em todas as fases a seguir. Nesta perspectiva, sabendo que tudo é imperfeito devido à decadência, o Homem sofre com as consequências negativas – no meandro imperfeito - e passa a vida inteira lutando para vencê-las. 2) Mas na última dispensação, temos o Reino Milenar, quando Jesus Cristo será o foco de toda a criação, reinando fisicamente sobre o mundo inteiro: os escritos bíblicos apresentam este como tempo maravilhoso em que a justiça e a paz prevalecerão. 
     O que chama a atenção é que a atividade escolhida para representar o estado shalom(paz e bem-estar) das crianças nesta época de paz foi o brincar! Veja:E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão” (Zacarias 8:5). 
     Logo, percebemos que, além do brincar ter um significado bíblico muito especial no que tange ao bem-estar das crianças, ele se constitui em uma atividade atemporal; pois de acordo com Vaux (2004), nas instituições de Israel no Antigo Testamento, o  pequeno israelita passava a maior parte de seu tempo brincando nas ruas ou nas praças com os meninos e meninas de sua idade.
     E é interessante que, quando é demonstrada a desolação de Jerusalém em Jeremias 9, lemos no versículo 21, a declaração do término da presença de crianças e jovens nas ruas e praças: Porque a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar as crianças das ruas e os jovens das praças”.
     Delfin (2010) lembra de textos bíblicos nos quais Jesus faz referência às brincadeiras infantis: no livro de Jó, capítulo 41, vemos as crianças brincando como se fossem passarinhos; e nas ruas e praças, em Mateus 11.16,17. Gower (2002) cita Lucas 7.32: “São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes”.
     E este autor interpreta este versículo como as crianças brincando de casamento e funerais na praça do mercado, algo que faz parte da brincadeira de faz-de-conta, importante para a realização dos desejos e projeção, como veremos adiante.
     No livro de Isaías 65.23, lemos que neste tempo: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a perturbação; porque são a posteridade bendita do SENHOR, e os seus descendentes estarão com eles” (Isaías 65.23 – grifo nosso). 
     Segundo o Grande Dicionário Sacconi (2010), um dos significados para “perturbação” é “desordem”, a qual seria uma variante de “transtorno”: fica nítido, portanto, que as dificuldades que as crianças enfrentam no mundo, independentemente do termo “taxativo”, estão incluídas no contexto deste versículo. E como vimos que o brincar representa a bênção do Senhor sobre as crianças no Milênio, a sua prática pode “amenizá-las”, pois é necessária e produtiva.

A Importância do Brincar no Mundo Atual 

     Mas não é porque no futuro tudo será perfeito e no presente, não, que as crianças que vivem em meio às fases que sucedem a “Inocência” e antecedem o “Milênio”, não podem ter a oportunidade de desfrutar, por meio do brincar, do estado shalom! Claro que isso não significa que serão crianças sem nenhuma dificuldade, nenhum problema. Mas estamos no mundo e, mesmo aqui, Jesus nos quer ver sadios e felizes! (…) feliz serás, e te irá bem”(Salmo 128.2b). 

     Oferecer brinquedos e oportunizar brincadeiras para os seus filhos colaboram para:

     a. O exercício da representação, da brincadeira do “faz-de-conta” como realização dos desejos 
     Diante de um fracasso e, consequentemente, a criança com a autoestima comprometida, a brincadeira trará à tona uma oportunidade para o desenvolvimento do faz-de-conta; a fim de que, além de tentar resolver problemas do presente, a criança poder projetar um futuro positivo.
     E, quando adulta, ter essa capacidade de imaginação bem desenvolvida para conseguir resolver problemas! Além disso, a criança, com a brincadeira do “faz-de-conta” terá melhor capacidade para “elaborar” seus sentimentos diante de situações difíceis como o luto, a perda em geral. Embora possa soar estranho, essa fase faz parte do contexto infantil e de maneira alguma pode ser menosprezada. Brincando, a criança lida com diversas situações, mesmo que imaginadas.
     A obra de Deus carece de homens e mulheres tementes a Deus, mas que também sejam maduros emocional e psicologicamente a fim de ter maior facilidade na missão de superar fracassos. E esse exercício pode começar na infância!

     b. Desenvolvimento Intelectual  
     A criança, ao contrário do adulto, não consegue entender conceitos abstratos. Sendo assim, por meio dos brinquedos, do concreto, a intelectualidade da criança é, gradativamente, desenvolvida. É plausível que os servos de Deus possuam maturidade intelectual.

     c. Estimular as habilidades, a curiosidade, autoconfiança e a autonomia 
     Brincando, a criança terá a curiosidade aguçada e, experimentando diversos tipos de brinquedos, suas habilidades vão sendo estimuladas e, quem sabe, a sua profissão futura já será trabalhada ali! Por exemplo: se seu filho está brincando com lousa, giz e livros, pode desenvolver a habilidade para ser professor! E, ainda, imagine a criança brincando de ser um pregador da Palavra de Deus! Com certeza, tais momentos ficarão gravados em seu coração.
     Quando ele estiver todo sujo de tinta, não iniba a sua ação, repreendendo-o e argumentando que ele precisa ficar “limpo” em todo o tempo, pois ele necessita “conhecer o mundo”, a fim de que, sejam desenvolvidas nele a autonomia e, também, a autoconfiança.Enfim, é a construção do conhecimento! Considere que um adulto inseguro pode ter tido uma infância na qual esses importantes fatores não foram desenvolvidos de maneira eficaz!

    
 d. Ajudar a desenvolver o pensamento, a concentração e a atenção 
     Há crianças que são “rotuladas” de “desatentas” e/ou “hiperativas” e aí se inicia uma longa discussão acerca dos sintomas, assim como de suas origens. Não discordamos que haja, em alguns casos, fatores neurológicos que interfiram nesse processo, confirmados por um diagnóstico médico. Contudo, desejamos destacar que, muitas vezes, “rotular” as crianças é aparentemente mais fácil do que assumirmos nossa responsabilidade de prover suas necessidades, como a do brincar, do lazer, dos momentos compartilhados. Aí gera-se um “círculo vicioso” de generalização, sendo que uma criança hiperativa (excessivamente ativa) e hipoatenta (menos atenta do que o normal) pode precisar simplesmente que a ajudemos a poder brincar, a fim de conseguirmos “modelar” esse comportamento, estabelecendo limites, regras; estimulando, incentivando nas brincadeiras.
     Reflita:
     * Muitos pais, para se verem “livres” de conceder atenção aos seus filhos, simplesmente os colocam em frente a uma tela de TV para que eles assistam a todo e qualquer tipo de programa, incluindo os famosos desenhos animados tão distantes dos preceitos divinos/bíblicos. Não obstante, temos os videogames, mormente utilizados, propagando, na maioria das vezes, a violência desenfreada, a sensualidade, o egoísmo, o vício compulsivo."Instrui ao menino no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" (Provérbios 22.6).
     Nunca se esqueça de que a semente que você plantar no coração de seu filho, concederá frutos futuramente! "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudoo que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6.7).    

     
Como uma criança que vive sobre um sofá, com o seu cérebro somente “acumulando” imagens e ações até mesmo de caráter não cristão, poderá ter o seu pensar plenamente desenvolvido?
     * Se seu relacionamento com o seu cônjuge não é dos melhores, vocês vivem em discussão. Você já parou para pensar que a causa para a desatenção do seu filho, principalmente na escola, pode ser essa desavença no seu lar? Geralmente, as crianças são muito “próximas” aos seus pais. E, se ela está vivenciando um momento de confusão entre eles, é próprio de sua natureza, ficar pensando nisso o tempo todo e não conseguir internalizar os conteúdos escolares!
     O que é necessário você fazer? Pedir forças ao Deus Altíssimo e promover situações de interação no seu lar! Brincar com o seu filho! Sim, isso mesmo, porque brincando, você consegue “alcançar o seu mundo”, compartilhando momentos restauradores com ele! Em vez de deixá-lo à mercê da TV, videogames e afins, sente-se com ele e brinque! E orando, intercedendo por seu cônjuge, você conseguirá a sua participação nas brincadeiras do lar, também!  Utilize brincadeiras que contemplam histórias bíblicas etc.                                            
     Lembre-se sempre: Jesus não deseja ver crianças “passivas” diante de brincadeiras “passivas” que contribuirão para que futuramente sejam adultos “passivos” e, consequentemente, servos de Deus “passivos”! Jesus deseja crianças desfrutando de Sua natureza ativamente, descobrindo os Seus mistérios para que cresçam e sempre testemunhem as obras de Deus! É visível que Ele deseja as crianças perto dEle: “Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus” (Lucas 18.16).
     Além disso, elas estarão compartilhando desses lindos momentos com os seus amiguinhos, desenvolvendo o viver em sociedade e, principalmente, confirmando o que as Sagradas Escrituras afirmam: "Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!" (Salmos 133.1). Afinal, no Milênio, vimos que elas estarão brincando nas praças e não sentadas, sem nenhuma ação!


     e. Proporcionar o desenvolvimento da linguagem
     Segundo Limongi (2001), à medida que a criança vai avançando nos estágios de desenvolvimento do pensamento, utilizará palavras com diferentes nomenclaturas e funções sintáticas na língua em situações simples, tais como: na escolha de um brinquedo, quando solicitamos que a criança explique uma brincadeira a ser realizada ou que relate um fato acontecido.
     Logo, os pais estimulando o brincar, concederá oportunidades para que a criança, de maneira gratificante, esteja imersa no mundo da linguagem, exercitando-a e, por conseguinte, proporcionando o desenvolvimento neste âmbito. E, com esse desenvolvimento eficiente da linguagem, o seu filho estará mais apto a ler e compreender as Escrituras Sagradas.

     f. A Simplicidade do Aprender  
     Para Fernández (1991), a aprendizagem é um processo cuja matriz é vincular e lúdica.Portanto, quando você está brincando com o seu filho e/ou proporcionando situações de brincadeira para ele, está contribuindo para o seu aprendizado em diversas áreas! Você já parou para pensar no privilégio de ser um “pai professor”, uma “mãe professora”, e ainda de um modo que deixe o seu filho contente com a sua presença?
     É preciso que estejamos sempre em alerta pois, com a correria do cotidiano, tendemos a ficar desapercebidos com os detalhes mais agradáveis e confortantes que o Deus Vivo e Eterno, com a Sua misericórdia e graça, nos proporciona!
Conclusão 

     De acordo com Delfin (2010) quanto à linha de tempo do brincar:

     Séculos se passaram… o contexto social mudou, pesquisas avançaram e descobertas do brincar se evidenciaram, descortinando a importância do brincar, porém mesmo com todo o apoio de pesquisas referentes ao brinquedo, brincadeiras, a criança ainda possui o seu brincar restrito ou talvez sem a sua devida importância. (p. 275). 

     Sendo assim, podemos concluir, então, que, além de colaborar no desenvolvimento da criança e no processo de elevação de sua autoestima, a sua atitude de brincar com o seu filho atua como um resgate do brincar, o qual é idealizado e aprovado pelo Criador; mas despercebido pelo Homem no decorrer do tempo. Todavia, continua em Seus projetos, considerando que será o símbolo do bem-estar das crianças no porvir!
     Como o brincar colabora para vários benefícios na vida do seu filho, culminando em benefícios espirituais, considere uma grande responsabilidade sua (não só emocional, psicológica e física, mas também, espiritual) a sua atitude de cultivar o brincar em seu contexto familiar! 
     No brincar, as atitudes negativas e comportamentos de seu filho tornar-se-ão num livro de prosas e poesias contendo sorriso, alegria, satisfação… E, especialmente, proporcionando o estado shalom preparado e concedido por DEUS!


Bibliografia
A Bíblia Online. http://www.bibliaonline.com.br/. Acesso em: 10/03/2011.
A Importância do Brincar. http://resgatandoobrincar.blogspot.com/. Acesso em: 10/03/2011.
DELFIN, Andréa Soares. Brinquedos e brincadeiras na formação humanista das crianças. In: LAUAND, Jean (org.). Anais do X Seminário Internacional: Filosofia e Educação – Antropologia e Educação – Ideias, ideais e história. Vários autores. São Paulo: Factash Editora, 2010.
FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Trad. Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1991.
GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. São Paulo: CPAD.
KISHIMOTO, Kishimoto, Tizuko M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2010.
LAHAYE, Tim; ICE, Thomas. O Final dos Tempos – Glorioso Retorno. São Paulo: Press Abba, 2004.
OLIVEIRA, Vera Barros e BOSSA, Nádia A. orgs. Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
SACCONI, Luiz Antonio. Grande Dicionário Sacconi da língua portuguesa: comentado crítico e enciclopédico. São Paulo: Nova Geração, 2010.
VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. Trad. Daniel de Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 2004.

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